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Educação | 30/05/2011 | 06h13min
"Nós não aceitamos escolas exclusivas para surdos", defende psicólogo
Constituição defende integração de surdos e cegos, enquanto movimento quer a criação de escolas específicas
Ângela Bastos | angela.bastos@diario.com.br
Independente de ouvir ou não, toda criança ganha com o convívio de um aluno surdo. A presença é vista como algo diferente, mas normal. Por isso, talvez, não se veja crianças com problema auditivo sendo vítimas de bullying entre a garotada. A observação é do psicólogo Sérgio Otávio Bassetti, da Fundação Catarinense de Educação Especial.
— Nós não aceitamos escolas exclusivas para surdos. O mundo é visual e sonoro, achar que estar com seus pares é um equívoco, já que é preciso educar a criança para uma sociedade diversificada — defende o psicólogo.
O posição do psicólogo é uma análise ao movimento da Federação Nacional de Integração dos Surdos (Feneis), que reuniu cerca de 500 pessoas em uma manifestação na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, pedindo a criação de escolas bilíngues específicas para surdos. Desde a Constituição de 1988, o Brasil adota a política de integração em escolas regulares.
Bassetti observa que as crianças sem surdez aprendem rapidamente a se comunicar com os que usam a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Isso permite que interajam não somente na escola, mas também em outros ambientes.
Em pelo menos 11 unidades da rede municipal de ensino em Florianópolis existem alunos que aprendem com Libras. No ano passado, o uso da Língua com alunos, familiares e professores deu à Creche Municipal Bem-Te-Vi, que fica no Centro, uma menção honrosa do Prêmio Experiências Educacionais Inclusivas.
Para isso, explica Sônia Fernandes, diretora de Educação Infantil da Secretaria de Educação, uma comissão do Ministério da Educação esteve em Florianópolis verificando, na prática, o relato da experiência encaminhado pela Bem-Te-Vi, em parceria com as profissionais da Sala Multimeios da Creche Almirante Lucas, no Centro. Isso não apenas sobre o ensino de Libras para o aluno surdo, mas para o grupo de crianças de sua turma.
O projeto teve início em junho de 2009, quando a creche recebeu uma criança com diagnóstico de surdez. Desde então a professora Maria Eloíza de Macedo trabalha com o aluno uma forma de comunicação e aprendizado. Também foi realizado um trabalho com a mãe e a avó da criança, que iniciaram o contato com a Língua Brasileira de Sinais, para dar continuidade à comunicação em casa.
Em seguida a creche iniciou um trabalho de apresentação da Libras com toda a turma de seis meses a um ano, da qual a criança fazia parte. Em outubro do ano passado, foi a vez da turma de dois a três anos. A unidade percebeu, então, que havia o interesse em aprender Libras não só das crianças, mas igualmente das professoras e dos demais funcionários da creche. Um professor de Língua Brasileira de Sinais para trabalhar sinais do cotidiano em sala de aula e para ensinar os profissionais da unidade educativa foi contratado.
Reportagem especial: Inclusão ou separação?
Na Escola Básica Intendente Aricomedes da Silva, alunos e professores aprenderam a linguagem de sinais Foto:Felipe Carneiro / Agencia RBS |
Em Florianópolis é fácil porque existem pessoas que verdadeiramente se preocupam com a educação de crianças surdas, já em outros estados não vemos esse interesse. Aqui em Goias por exemplo, não soube de nada desse tipo acontecendo em CMEIS, Escolas, em lugar algum. Falta interesse de agluns governantes e o trabalho de secretários de educação.
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